O Departamento de Educação da Prefeitura Municipal de Vargem Grande do Sul convidou essa semana o psiquiatra Dr. Fernando Campos Angerami para falar da importância da Saúde Mental em tempo de pandemia. O profissional dará dicas em saúde mental, auxiliando a população em fazer uma reflexão sobre os impactos do Coronavírus em nossas vidas, trazendo informações e orientações necessárias para enfrentarmos a pandemia. As profissionais da Educação Laís Helena Bernardelli de Andrade, psicopedagoga e Rosane de Fatima Campaneli, fonoaudióloga junto com profissionais convidados de outras áreas vem realizando um trabalho de orientação aos pais, alunos e população quanto a alteração da rotina devido ao Covid-19. Dr. Fernando conta que nesta época de Coronavírus é importante prestar muita atenção em nossa Saúde Mental, pois é possível que o aparecimento de um sintoma chamado SOMATIZAÇÃO, isto é, o individuo experimenta os sintomas da doença sem estar acometido por ela, o quadro clínico não são causados por um agente patológico ou lesão de órgão, mas por um estado de ansiedade e preocupação. Assim sendo, em pessoas susceptíveis, o medo de contrair a doença pode causar os sintomas do COVID 19. Esses sintomas são reais e podem confundir quem estiver nesta situação, fazendo-o acreditar que contraiu a doença, embora esteja em pleno estado de saúde física. Paralelamente à pandemia viral, ganha força o surto de medo, de estresse, de ansiedade e depressão, principalmente em função das incertezas do momento, dos riscos de contaminação e a necessidade de manter um isolamento social, que podem agravar ou causar problemas mentais. Nesse contexto, pessoas com transtornos mentais são substancialmente mais influenciadas pela maré alta de emoções negativas trazidas pelo novo vírus. Para os pacientes psiquiátricos que realizam consultas regulares para reavaliação clínica, troca de medicamentos e reajuste de doses, é importante que mantenham o tratamento, pois sem o acompanhamento adequado, muitos indivíduos com transtornos mentais podem apresentar piora do quadro psíquico, o qual, por sua vez, pode refletir também na sua saúde física, porque transtornos mentais podem aumentar o risco de infecções em geral. Em meio à situação emergencial vivida no país, a telemedicina foi regulamentada (em caráter excepcional e temporário), caso haja impossibilidade da consulta física ser realizada, esta poderá ser feita através da internet, Whatsapp, Skype ou outro comunicador. As receitas e atestados poderão ser assinados por meio digital. Como possível causa, a superexposição às notícias sobre o coronavírus pode estar por trás do aparecimento de sintomas psicossomáticos. “Uma pessoa superexposta à mídia, ansiosa, com medo excessivo de adoecer e influenciável, pode construir facilmente fantasias catastróficas, distorcer a realidade e produzir um estado carregado de sintomas, mas todos eles de natureza emocional, sem existir uma lesão orgânica importante. Em situações desse tipo, é necessário primeiro descartar qualquer causa física e depois procurar uma razão psicológica que explique os sintomas. Abordando as medidas de proteção: Como já mencionamos anteriormente, hoje iremos abordar algumas das inúmeras medidas de proteção ao nosso mundo emocional, frente a esta situação anômala em nossa vida, que foi provocada pela pandemia, pelas mudanças de hábitos, pela diminuição de contato com pessoas queridas e importantes de nossa constelação emocional. Inicialmente é importante abordar o medo, que pode ser o normal: que atua como mecanismo de proteção e impede a ocorrência de acontecimentos fatais e o patológico: que dificulta a convivência consigo mesmo e com os outros. Este aumento do nível do medo, implica em enxergar perigo a todo momento e a aumentar os mecanismos de proteção e necessariamente, da ansiedade, que é o medo do desconhecido. Assim foi elencada uma serie de medidas que podem auxiliar no manter o medo dentro dos limites da normalidade: Proteja-se, aceite as limitações do momento, só saia de casa em situações de absoluta necessidade; utilize mascara, seja caseira ou industrializada; mantenha distancia ao conversar com outras pessoas; Ainda que isolado, fique em contato e mantenha sua rede de amigos e conhecidos, tente ao máximo manter sua rotina e crie novas, você pode manter a proximidade digital com e-mails, redes sociais, telefone, teleconferências, etc. Temos dentro de nos um mecanismo de controle chamado ciclo circadiano ou ritmo circadiano, também chamado de relógio biológico, é o período de cerca de 24 horas sobre o qual o c iclo biológico de quase todos os seres vivos se baseia. Evite desregula-lo, ficando acordado por muitas horas além do que seria o seu habitual e acordando mais tarde. Como a rotina do trabalho para alguns foi interrompida, tente colocar novas atividades saudáveis e aproveite para relaxar. O exercício constante, o sono regular e uma dieta balanceada ajudam a superar este momento. Na internet temos vários sites que ensinam a meditar, relaxar ou a fazer exercícios sem aparelhos. Cuide de seu sono, pois uma noite bem dormida, evita o aumento de cortisol e com isto diminui o estresse. Para ajudar a regulariza-lo, exponha-se a luz solar, volto a insistir, não altere o seu horário de sono, ao ficar ate altas horas acordado, por conta de dedicar a sua atenção a mídias eletrônicas, se alguém perguntar o que assistiu, na maioria das vezes somente ira se lembrar de 10% do que assistiu, mas estas imagens ficam no inconsciente e certamente irão atrapalhar o seu sono. Reduza a leitura ou o contato com notícias que podem causar ansiedade ou estresse. Busque informação apenas de fontes fidedignas e dê passos práticos para preparar seus planos, proteger a si e a sua família. Se a sua necessidade de “se manter informado” for muito grande, procure informações e atualizações somente uma ou duas vezes ao dia evitando o “bombardeio desnecessário” de informações. A enxurrada de notícias sobre um surto pode levar qualquer pessoa à preocupação. Informe-se com os fatos e não com os boatos ou com as informações erradas. Busque essas notícias em intervalos regulares do website da Organização Mundial da Saúde, das autoridades locais para que possa fazer a diferença entre boato e fato. Os fatos ajudam a minimizar o medo. Cuidado com os telejornais, que além do som, transmitem imagens, que se encastelam firmemente em nosso mundo mental, que podem, em pessoas susceptíveis surgir a consciência em momentos inesperados e provocar desconforto intenso. Cuidado com o “fake news “ Cuidado com o que lê ou assiste antes de dormir não devemos nos esquecer que os nossos sonhos são construídos com o material coletados nos últimos momentos de nosso estado de vigília. Filmes de ação ou games com muita violência e mortes, nem sempre levam a um sono tranquilo. Projeta a si próprio e apoie os outros os ajudando em seus momentos de necessidade. A assistência a outros em seu momento de carência pode ajudar a quem recebe o apoio como a quem dá o auxílio. Um exemplo: telefone para seus vizinhos ou pessoas em sua comunidade que precisam de assistência extra. Aproveite para reativar amizades. Dr. Fernando Campos Angerami – drfernadopsq@hotmail.com.
Vargem Grande do Sul